Ministrações do Espírito Santo ao Crente

Por Nonato Souza

“E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Advogado, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque Ele vive convosco e estará dentro de vós”. (Jo 14.16,17 KJA).



O texto acima me impressiona e tranquiliza a minha alma. Nele vejo o cuidado do Senhor Jesus Cristo com aqueles que professam o Seu nome. A vinda do Espírito Santo para está com os santos deve ser entendida como uma grande bênção da parte de Deus. Jesus está dizendo que vai para o Pai, mas que não os deixará órfãos. Ele promete que em resposta à sua solicitação, o Pai enviará outro Auxiliador. Não se trata aqui de qualquer um, mas de uma pessoa da mesma forma que o Pai e o Filho. Isto é o que indica o termo “outro”, alguém como Ele mesmo, igual, que o substituirá, que fará o mesmo trabalho que fez.
O termo grego parakletos, denota, “Advogado”, Consolador” “Intercessor”, “Conselheiro”, o que está ao lado de, para oferecer cuidado especial em tempos de necessidade. Ora, a presença e o cuidado de Cristo em favor dos seus discípulos quando com eles esteve nesta terra, seria agora realizada pelo Espírito Santo, Seu “Representante”. Jesus foi enfático, “habita convosco e estará em vós”.
Fica claro que para os santos do Novo Testamento, esta seria uma realidade assombrosa, exatamente por se tratar de uma nova ordem espiritual, agora na Igreja, como corpo de Cristo. Na dispensação da graça, os salvos passam a ser habitação do Espírito, exatamente como Jesus enfatizou (Jo 14.16,17; 20.22).
Ele é o Espírito que “vive convosco e estará dentro de vós”, numa referência ao salvo como templo, habitação do Espírito Santo (1Co 3.16). Ele não habita em organizações, denominações, coisas similares. Aquele que está alienado de Deus pela incredulidade e impiedade, também não pode desfrutar da habitação interior do Espírito (Jo 14.17).
O salvo, sim, tem o bendito Espírito. No ministério terreno de Jesus, o Espírito estava habitando em Cristo, e, portanto, com os discípulos. Tendo Jesus ascendido ao céu, enviou o Espírito no dia de Pentecostes, passando, então a habitar dentro do crente. Esse fato foi predito pelos profetas no Antigo Testamento quando vaticinaram um tempo vindouro em que Deus poria seu Espírito permanentemente na vida do seu povo:

E vos darei um novo coração e derramarei um espírito novo dentro de cada um de vós; arrancarei de vós o coração de pedra e vos abençoarei com um coração de carne.
Eis que depositarei o meu Espírito no interior de cada pessoa e vos capacitarei para agires de acordo com as minhas leis e princípios; e assim obedecereis fielmente aos meus mandamentos! (Ez 36.26,27; KJA).

Todos que a Cristo pertencem, tem o Espírito Santo e são dele habitação.

Oro para que, juntamente com suas gloriosas riquezas, Ele vos fortaleça no âmago do vosso ser, com todo o poder, por meio do Espírito Santo.
E que Cristo habite por meio da fé em vosso coração, a fim de que arraigados e fundamentados em amor, (Ef 3.16,17; KJA).

Bom, já sabemos que desde o início do nosso discipulado cristão, somos habitação do Espírito Santo, que exerce no íntimo de cada um, ministério de caráter individual. Viver no Espírito, procurar desenvolver o que recebe da parte de Deus, deve levar o cristão à vida de comunhão íntima com Deus no Espírito de Cristo. Observemos resumidamente as atividades do Espírito na vida do cristão.

Regeneração pelo Espírito.

Arrazoou Jesus: Em verdade, em verdade te asseguro: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. (Jo 3.5; KJA);

Não por causa de alguma atitude justa que pudéssemos ter praticado, mas devido à sua bondade, Ele nos salvou por meio do lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que Ele derramou copiosamente sobre nós com toda a sua generosidade, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Salvador (Tt 3.5; KJA).

O homem, à semelhança de Jesus homem, que foi gerado pelo Espírito Santo, para que se torne filho de Deus, precisa ser gerado pelo Espírito Santo. A regeneração é de natureza espiritual. É obra do Espírito Santo. “É a nova criação e a transformação da pessoa efetuada por Deus e pelo Espírito Santo” (Jo 3.5,6; Tt 3.5).
A regeneração envolve a mudança de uma vida pregressa, envolvimento na prática do pecado, em uma nova vida de entrega e obediência a Cristo. Observe a expressão do apóstolo Paulo ao falar em “nova criação”. Ele diz tratar-se de nova vida em Cristo, mudança, transformação. “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação; as coisas antigas já passaram, eis que tudo se fez novo!” (2Co 5.17 KJA; outros textos: Ef 4.23,24;Cl 3.10).
A Bíblia de Estudo Pentecostal [1] em seu comentário acerca da doutrina da regeneração especifica:

Aquele que realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado (Jo 8.36), e passa a ter desejo e disposição espiritual de obedecer a Deus e seguir a direção do Espírito Santo (Rm 8.13,14). Vive uma vida de retidão (1Jo 2.29), ama aos demais crentes (1Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1Jo 3.9;5.18) e não ama o mundo (1Jo 2.15,16). Quem é nascido de Deus não pode fazer do pecado uma prática habitual em sua vida. Não é possível permanecer nascido de novo sem o desejo sincero e o esforço vitorioso de agradar a Deus e de evitar o mal (1Jo 2.3-11,15-17,24-29;3.6-24;4.7,8,20;5.1), mediante uma  comunhão  profunda com Cristo, e  a  dependência  do Espírito Santo (Rm 8.2-14). Aqueles que continuam vivendo na imoralidade e nos caminhos pecaminosos do mundo; seja qual a religião que professam, demonstram que ainda não nasceram de novo (1Jo 3.6,7).

Santificação pelo Espírito.

Escolhidos em conformidade com a presciência de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas. Glória a Deus pela Salvação (1Pe 1.2; KJA ).

A santificação é uma operação do Espírito Santo no espírito, na alma, e no corpo do crente. Um dos principais títulos do Espírito no Novo Testamento é Espírito Santo, por revelar sua missão primacial: santificar um povo para Deus, para habitar com Ele.
É na área da santificação que o Diabo ataca em suas mais várias formas a vida do crente. Ele sabe que uma igreja misturada com o fermento da maldade e da malícia perde a sua identidade como igreja de Deus, já que o termo “igreja” encerra em si a ideia de separação da massa humana sem Deus, sem compromisso com a fé, com a Palavra, e pureza espiritual.
        Esse assunto bíblico, sempre provocou e provocará comichão nos ouvidos daqueles que andam em desalinho com uma vida desregrada e em desacordo com o padrão bíblico. É bom que se diga que não estamos dando ênfase a preceitos meramente humanos (Cl 2.22,23). Estamos falando da verdadeira santificação, aquela que leva-nos a conformar o nosso caráter com o caráter de Cristo.
No Novo Testamento, santificação significa a separação do homem do pecado e a dedicação de sua vida ao serviço de Deus, para uso do Senhor.   
É claro, que, ser alguém apenas separado do pecado não é o essencial. É preciso ser separado para Deus e seu serviço.
Mesmo tendo sido feito participante da natureza divina, a velha natureza, o “eu”, ainda está presente, tentando firmar-se e obter o controle de nossa vontade e de nossas ações. A Palavra de Deus nos adverte:

Portanto, vos afirmo: Vivei pelo Espírito, e de forma alguma satisfareis as vontades da carne! Porquanto a carne luta contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne. Eles se opõem um ao outro, de modo que não conseguis fazer o que quereis. (Gl 5.16,17; KJA).

Sendo assim, precisamos dar plena oportunidade ao Espírito Santo para podermos derrotar a velha natureza que pretende retornar ao controle de nossa vontade. Precisamos, portanto, permitir que o Espírito Santo desenvolva em nós a imagem de Cristo que é perfeitamente santo.
Certos de que o Espírito Santo tem uma natureza santa como indica o seu nome, concluímos que, se estivermos ou permanecermos cheios do Espírito (Ef 5.18), obteremos a santificação que tem caráter instantâneo e progressivo, ou seja, é produzida em nós pelo Espírito que nos é dado.

Ensinados pelo Espírito.

Mas o Advogado, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu Nome, esse vos ensinará todas as verdades e vos fará lembrar tudo o que Eu vos disse (Jo 14.26; 1Co 2.13 ).

Jesus apresenta o Espírito Santo como mestre, o que ensina todas as verdades. Pode-se afirmar sem medo de errar, ser esta uma verdade contundente.  Podemos receber instrução da parte de Deus através de outros homens que tenham sido iluminados pelo Espírito. Entretanto, sabemos que o Espírito Santo é o Divino Instrutor, e que, jamais seremos verdadeiramente ensinados enquanto não formos ensinados por Ele.
Apóstolo Paulo diz ter sido pelo Espírito que toda verdade de Deus chegou à humanidade. Sobre isso também pregamos, não com palavras ensinadas pelo saber humano, mas, sim, com palavras ministradas pelo Espírito, interpretando verdades espirituais para os que são espirituais (1Co 2.13). Os santos receberam este legado: O Espírito nos ensinará todas as verdades.

Selados pelo Espírito.

Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória  (Ef 1.13,14).

O Espírito Santo sela o crente tornando-o uma propriedade sua. Ele é o carimbo divino, a garantia da herança eterna. Nos tempos bíblicos usava-se o selo com o objetivo de mostrar ser possuidor de uma pessoa, objetos ou coisas. Qualquer desses, quando selados, indicava propriedade particular, segurança e garantia.
Ao ensinar sobre o selo do Espírito na vida do crente, Paulo parece ter em mente tanto a ideia de segurança como de propriedade.
Quando recebemos o Espírito, somos selados e consequentemente desfrutamos de plena segurança em Cristo. Nada, absolutamente nada poderá nos tocar sem a permissão do dono da propriedade. Estamos protegidos e guardados. Portanto, estou seguro de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos afastar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.38,39; KJA).  
Isto, porém, significa mais que segurança. É também propriedade. Ao recebemos o Espírito, somos marcados como sua propriedade (2 Co 1.22). Não pertencemos a nós mesmo, bem como não devemos fazer aquilo que queremos, pois, agora, estamos separados, marcados, colocados à parte para Deus. A Ele pertencemos, somos Sua propriedade para sempre.

Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória (Ef 1.13,14).

Fortalecidos pelo Espírito.

Oro para que, juntamente com suas gloriosas riquezas, Ele vos fortaleça no âmago do vosso ser, com todo o poder, por meio do Espírito Santo. (Ef 3.16).

Paulo ora pelos crentes de Éfeso objetivando levá-los ao fortalecimento pelo Espírito. Quando ainda estava com seus discípulos, o Senhor Jesus lhes diz ser necessário sua ida ao céu para que envie o Consolador (Jo 16.7), o que fez logo após ter sido exaltado nas alturas (At 2.33).
O Espírito Santo foi enviado para está com os santos, os que creram no sacrifício expiatório de Cristo Jesus e se fizeram acessíveis à presença do Espírito. Vindo o Espírito no dia de Pentecostes passou a habitar no interior de cada crente fornecendo o poder que precisa para vencer o pecado e fortalecer-se no Senhor.
O homem é por natureza, fraco e está rodeado de fraquezas Deus não está em busca de super-crentes ou super-homens espirituais, nem ainda em busca de uma perfeição absoluta no homem. Deus está em busca de homens obedientes, que tenham o coração voltado para Deus.  
O texto bíblico afirma que somos assistidos pelo Espírito em nossas fraquezas (Rm 8.26).  Fraqueza (gr. astheneia) significa literalmente falta de forças. A única maneira de vencermos as nossas fragilidades é termos a presença e o cuidado constante do Espírito de Deus (Mq 3.8; Lc 24.49; At 1,8).

Intercessão do Espírito Santo.

Do mesmo modo, o Espírito nos auxilia em nossa fraqueza; porque não sabemos como orar, no entanto, o próprio Espírito intercede por nós com gemidos impossíveis de serem expressos por meio de palavras (Rm 8.26).
Acerca da obra intercessora do Espírito Santo em favor dos santos diz Mattew Henry:

O Espírito Santo, como Espírito iluminador, nos ensina pelo que devemos orar; como Espírito santificador opera e estimula as graças para orar; como Espírito consolador, acalma os nossos temores e nos ajuda a superar todas as desilusões. O Espírito santo é a fonte de todos os desejos que temos provenientes de Deus, os quais são muitas vezes mais do que as palavras podem expressas. O Espírito que esquadrinha os corações pode tocar a mente e a vontade do espírito, a mente renovada e advogar a sua causa. O Espírito de Deus intercede por nós diante de Deus e o inimigo não nos vence. [2].

Devido nossas limitações, temos dificuldades para orar. Constantemente, observamos a carência que temos de que alguém venha socorrer-nos em nossas orações. O Espírito Santo está pronto a interceder em nosso favor. É preciso apenas render-se docemente ao divino intercessor, permitindo que Ele nos guie convenientemente a Deus em todas as nossas petições, preferencialmente desprendido de qualquer interesse pessoal, dúvidas e exaltação.
Somos habitação do Espírito Santo e devemos ter com o mesmo, um relacionamento de intimidade e maior comunhão. As ministrações do Espírito na vida do crente o tornam diferente. Ao invés de está preocupado com datas e acontecimento escatológicos, passa a se preocupar com a obra missionária, com os campos que brancos estão. Vivendo na plenitude do Espírito o crente recebe poder para perdoar, testemunhar e viver vida de santidade na presença do Senhor. Viva na plenitude do Espírito!  

Notas bibliográficas.

[1] Stamps. Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal, Ed. 1995, CPAD, pg. 1576.
[2] Henry, Mattew, Comentário Bíblico. 2002, CPAD, pg. 935.

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