A Rebelião Contra Deus
Por pastor Estevam Ângelo de Souza
Estevam Ângelo de Souza (Im memória), foi pastor presidente da Assembleia de Deus em São Luis, MA, e da CEADEMA - Convenção Estadual da Assembleia de Deus no Maranhão.
Uma palavra inicial.
Nestes dias
turbulentos e corridos tive a oportunidades de dar uma olhada em alguns
recortes de jornais que guardo. A maioria dos meus recortes são textos do
periódico Mensageiro da Paz, jornal mensal da Assembleia de Deus no Brasil,
onde tive o privilégio de ler alguns artigos que voltaram a falar forte ao meu
coração. Li cuidadosamente, os escritos de homens de Deus que fizeram história.
Alguns, destes artigos vou replicar no blog com objetivo de edificar a vida
espiritual do povo de Deus, principalmente daqueles que não tiveram a
oportunidade de ler estes belos artigos. Os créditos são dados ao Jornal
Mensageiro da Paz, órgão oficial das Assembleias de Deus no Brasil.
A Rebelião
Contra Deus
No rigor de
seca de 1932, na região de Longa, interior do Piauí, um fazendeiro,
extremamente irritado por no pátio de sua fazendo numerosos gados mortos,
blasfemando, disparou em direção ao céu toda carga de seu rifle 44, como
pretendendo atingir a Deus, a quem atribuía a culpa pela mortandade. Isto é
requintada rebelião, mas são raríssimos os bobo que desta forma revelam sua
rebeldia.
A rebelião não consiste apenas em a
pessoa se dirigir a Deus com palavras insultuosas ou de revolta contra os seus
propósitos. Se satanás escolhesse, de preferência, este meio para envolver os
homens no pecado de rebelião, teria relativamente poucas oportunidades. Muitas consciências
não aceitariam tal insinuação e muitas pessoas temeriam proceder desta maneira.
O método
satânico, desde o Éden, tem sido diferente. A sua tático preferida consiste em
induzir os homens a desobedecerem a Palavra de Deus, julgando-se com razão para
isto.
Rebelião significa insubmissão, desobediência.
Neste sentido Deus se refere a Israel nestes termos: “Se assentaram nas trevas
e nas sombras da morte, presos de aflição e em ferros por se terem rebelado contra a Palavra de Deus e
houverem desprezados o conselho do Altíssimo, de modo que lhes abateu com
trabalhos o coração – caíram e não houve quem os socorresse” (Sl 107.10-12).
A
desobediência à Palavra de Deus por insubmissão é a maneira mais comum de
rebeldia contra Deus e é vista nas Escrituras desde o princípio. Com
frequência, encontramos Moisés reportar-se à desobediência dos filhos de Israel
como ato de rebelião, em observações tais como essas: “É a terra boa que nos
dar o Senhor nosso Deus. Porém não quisestes subir, mas fostes rebeldes à ordem do Senhor nosso Deus” (Dt 1.25,26). “Quando
também o Senhor vos enviou de Cades-Barnéia, dizendo: Subi e possuí a terra que
vos dei; rebeldes fostes ao mandato do Senhor
vosso Deus e não crestes e não lhe obedecestes a voz” (Dt 9.23).
Por estes
textos podemos ver que a rebelião anda sempre acompanhada de incredulidade e da
desobediência.
O profeta
Ezequiel refere-se às desventuras que sobreviriam a Jerusalém e aponta a causa:
“Ela se rebelou contra os meus juízos, praticando o mal mais do que as nações e
transgredindo os meus estatutos mais do que as terras que estão ao redor dela;
porque rejeitou os meus estatutos, por isso diz o Senhor Deus: Eis que eu, eu
mesmo, estou contra ti e executarei juízo no meio de ti, à vista das nações” (Ez
5.6-8).
O que estas
palavras encerravam? Quais os juízos preditos? O mesmo Ezequiel responde:
“Portanto, os pais comerão os seus filhos no meio de ti, e os filhos comerão os
seus pais; executarei em ti juízos e tudo que restar de ti espalharei a todos
os ventos” (Ez 5.10).
Deus trata
com os homens por meio de sua Palavra. A desobediência consciente à Palavra de
Deus é a expressão comum de rebelião e tem sido através dos séculos a causa
fundamental das terríveis consequências que tem sobrevindo e sobrevirão aos
desobedientes, imediatamente, muito depois, ou na eternidade.
O homem, na
sua insubmissão propositada, ou alegando razões, pode calcar aos pés os
preceitos do Deus Todo-Poderoso e até dormir com aquela “tranquilidade” de
Jonas no porão do navio, mas, por fim, será despertado às vezes por estranhos,
para vergonha e para o castigo (Jn 1).
Deus observa
os que rejeitam a sua Palavra e seguem aos ditamos da própria vontade e
conclui: “Tens feito estas coisas e eu me calei; pensavas que eu era teu igual;
mas te arguirei e porei tudo à tua vista” (Sl 50.16-21). Jesus também adverte:
“Se alguém ouvir as minhas palavras e não guardar, eu não o julgo; porque eu
não vim para julgar o mundo e, sim, para salvá-lo. Quem me rejeita e não recebe
as minhas palavras, tem quem o julgue: a própria palavra que tenho proferido,
essa o julgará no último dia” (Jo 12.47,48).
O profeta
Samuel adverte a nação israelita quanto às desastrosas consequências da
rebelião que consistiria em não obedecer ao mandato do Senhor dizendo: “Se,
porém, não derdes ouvidos à vos do Senhor, mas antes fordes rebeldes ao seu
mandado, a mão do Senhor será contra vós outros, como foi contra vossos pais”
(1 Sm 12.15).
O homem de
Deus, que veio de Judá a Betel, realizou grandes prodígios contra Jeroboão, o
rei idolatra, mas logo foi morto por um leão. Deus lhe prevenira: “Não comerás
pão, nem beberás água; não voltarás pelo caminho por onde fostes”. O profeta
não tinha que temer castigo, pois não havia anúncio de qualquer julgamento
contra ele, mas devia temer à Palavra do Senhor, pois esta é a expressa
revelação dos soberanos propósitos de Deus. Desobedeceu, voltou, comeu pão,
bebeu água, mas após a refeição o mesmo “profeta velho” que o induzira a
desobedecer à ordem do Senhor, profetizou: “Porquanto foste rebelde à Palavra
do Senhor e não guardaste o mandamento que o Senhor Deus te mandara, antes
voltaste e comeste pão e bebeste água no lugar em que dissera não comerás pão e
não beberás água; o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais... foi-se
e um leão o encontrou no caminho e o matou” (1 Rs 12.1-24).
Deste fato
tão tremendo, a grande lição é: nem mesmo um ministério assinalado por grandes
milagres nos autoriza a desobedecer a Palavra de Deus, como não nos isenta das
consequências da nossa rebeldia.
Por estes e
demais textos citados, o prezado leitor pode observar que a rebelião contra
Deus não consiste apenas em rechaçar as suas ordens com palavras de revolta ou
insultuosas e, sim, na desobediência propositada à sua Palavra.
A Palavra de
Deus, suprema e infalível regra de fé e prática, nos é dada por inspiração do
Espírito Santo. Por isto, a desobediência dos que conhecem a revelação divina é
considerada rebelião e entristece o espírito Santo. A isso se refere o profeta
Isaias, ao escrever: “em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e o anjo da
sua presença o salvou; pelo seu amor e pela sua compaixão ele os remiu, os
tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade. Mas eles foram rebeldes e
contristaram o Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo, e ele mesmo
pelejou contra eles” (Is 63.9,10).
É por isto
que, com frequência, ocorrem na Bíblia recomendações como estas: “Tende
cuidado, não recuseis ao que fala; pois se não escaparam aqueles que recusaram
ouvir quem divinamente os advertia sobre a terra, muito mais nós se nos
desviarmos daquele que do céu nos adverte” (Hb 12.25). “Portanto, convém-nos
atentar com mais diligência para as verdades ouvidas para que em tempo algum
nos desviemos delas” (Hb 2.1). Quanto mais conhecimentos temos da Palavra de
Deus, tanto maior responsabilidade temos pelas nossas ações, pois, “O servo que
conheceu a vontade do seu Senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua
vontade, será punido com muitos açoites” (Lc 12.47).
Fonte: Jornal Mensageiro da Paz.
Março 1994
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