Rebelião Contra os Líderes


Por pastor Estevam Ângelo de Souza

Estevam Ângelo de Souza (Im memória), foi pastor presidente da Assembleia de Deus em São Luis, MA, e da CEADEMA - Convenção Estadual da Assembleia de Deus no  Maranhão.


Uma palavra inicial.

Nestes dias turbulentos e corridos tive a oportunidades de dar uma olhada em alguns recortes de jornais que guardo. A maioria dos meus recortes são textos do periódico Mensageiro da Paz, jornal mensal da Assembleia de Deus no Brasil, onde tive o privilégio de ler alguns artigos que voltaram a falar forte ao meu coração. Li cuidadosamente, os escritos de homens de Deus que fizeram história. Alguns, destes artigos penso em replicar no blog com objetivo de edificar a vida espiritual do povo de Deus, principalmente daqueles que não tiveram a oportunidade de ler estes belos artigos. Os créditos são dados ao Jornal Mensageiro da Paz, órgão oficial das Assembleias de Deus no Brasil.


Rebelião Contra os Líderes 

Geralmente, os rebeldes são pessoas ávidas por liderança. O que mais lhes fascina é alcançar posições de destaque. Não querem servir. Querem ser servidos. Querem ter nem que seja um pequeno grupo sob seu comando. Isto é mais comum. Entretanto, a história bíblica registra numerosos casos de rebeldia do mais alto escalão, como foram os casos de Coré, Datã e Abirão contra Moisés, e Absalão contra o próprio pai, o rei Davi.

O espírito de rebeldia se manifesta levando o individuo rebelde a colocar-se no lugar de vítima do líder, objeto de sua inveja e ódio. Inveja por não está ocupando o lugar cobiçado do líder. Consideremos:

1.           A tática do rebelde. É a mesma do diabo. Quer parecer melhor e mais generoso do que o líder. Pelas razões que a Bíblia esclarece, Deus proibiu a Adão e Eva de comerem o fruto da “árvore do conhecimento do bem e do mal”. Disse Deus: “Porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Satanás, ao contrário, falando pela serpente, disse à mulher: “É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em dele comerdes se vos abrirão os olhos, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.4,5). Satanás fez Eva crer que ele a amava mais do que Deus, pois ele proporcionava benefícios que Deus lhe negara. O mesmo espírito anima os rebeldes a apresentar-se como sendo a melhor solução para o povo. Começam a insinuar que o povo está sendo vítima do líder. Esta foi a estratégia usada por Coré, Datã e Abirão. “Levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, eleitos por ela, varões de renome, e se ajuntaram contra Moisés e contra Arão, e lhes disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois vos exaltais sobre a congregação do Senhor?” (Nm 16.1-3). No verso 4, logo adiante, lemos: “Tendo ouvido isto, Moisés caiu sobre o seu rosto”. Acabavam de acusar Moisés de se exaltar sobre o povo de Deus, mas enquanto se exaltavam contra Moisés, este caia com o rosto em terra. Era isto que Moisés fazia com frequência (vv 22 a 45) quando diante de Deus se humilhava, para obter a bênção da clemência divina em favor dos seus liderados.

A congregação era santa. Os líderes rebeldes foram eleitos para ela e eram homens de renome, mas Deus não lhes havia destinado o alto encargo de libertar o povo e conduzi-lo à terra prometida. Moisés, sim, foi chamado e preparado por Deus para tão alta missão.

Esse foi o mesmo caminho seguido por Absalão, outro grande exemplo  da história dos rebeldes da Bíblia. Apresentou-se como o “salvador da pátria”, extremamente generoso e compassivo. Depois que Davi compadeceu-se dele, o mandou trazer à sua presença, “Absalão fez aparelhar para si uma carro e cavalos, e cinquenta homens que corressem diante dele. Levantado-se Absalão pela manhã, parava à entrada da porta; e a todo homem que tinha alguma demanda para vir ao rei em juízo, o chamava Absalão a si, e lhe dizia: De que cidade és tu? Ele respondia: De tal tribo de Israel é teu servo. Então Absalão lhe dizia: Olha, a tua causa é boa e reta, porém não tens que te ouça da parte do rei. Dizia mais absalão: Ah! Quem me dera ser juiz na terra! Para que viesse a mim todo homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça. Também quando alguém se chagava para inclinar-se diante dele, ele estendia a mão, pegava a dele, e o beijava. Desta maneira fazia Absalão a todo o Israel que vinha ao rei para juízo, assim El furtava o coração dos homens de Israel” (2 Sm 15.1-6).

Absalão evidencia as qualidades do rebelde – era falso, era um traidor. Sedento pela autoridade de rei, na qual todos se prostrariam diante dele, para furtar o coração do povo, não lhes permitia que se inclinasse perante ele. Usa a mesma senha do traidor Judas – beijava beijos os quais fazem desgraçadas vítimas.

1.           O fim do rebelde. O sonho do rebelde é ilusório. Ele é uma vítima do engano de satanás, que seduz que ilude, mas não assegura a sua presa o bem ou as vantagens a que aspira que ambiciona.
O que aconteceu com Coré, Datã e Abirão? O que eles nunca imaginaram. Moisés não se exaltava sobre o povo do Senhor. Deus o coloca como o guia, como instrutor, como protetor do seu povo. Deus mesmo o exaltou. Moisés sabia cair com o rosto em terra diante de Deus, até que a glória do Senhor se manifestava, assegurando-lhe vitórias (Nm 14.10; 16.19-42).

Coré, Datã e Abirão pensaram que seriam aclamados líderes maiores de Israel, com um povo satisfeito pelas reformas administrativas que iriam implantar no governo daquele povo sofrido, na interminável peregrinação, rumo a uma terra tão distante e difícil de ser conquistada. Jamais imaginaram o que aconteceu. Razões tiveram para assombrar a multidão ali presente, que fugiu ao ouvir o grito desesperado com que encheram o espaço, quando “a terra debaixo deles se fendeu, abriu a sua boca e os tragou com suas casas, como também a todos os homens que pertenciam a Coré, e a todos os seus bens” (NM 16.31,32). E os que seguiram aos líderes rebeldes, “procedentes do Senhor saiu fogo e consumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso” (v. 35).

Uma das características dos rebeldes é meter-se em atribuições que não lhes pertencem. A rebeldia era contra Moisés e Arão. Tanto queriam usurpar a liderança de Moisés, como o ofício sacerdotal de Arão, por isso o castigo de Deus atingiu os dois grupos. Deus tem medida para tudo.

Quando o infeliz Absalão, sem dúvida alguma, se antevia no trono de Davi, cercado de honrarias e rodeado de mulheres e no melhor que a sua alma ambiciosa e insensata poderia desejar! Jamais pensara no momento em que se apertaria em redor dele e o cerco formado pelas tropas de Davi, comandados pelo habilidoso guerreiro Joabe, e no momento desesperador, em que esperaria sem tocar com os pés no chão, pendurado pelos cabelos no galho de uma árvore. Não tendo para quem apelar, e não contando com a proteção nem mesmo do diabo, que o induziu ao terrível pecado de rebelião, já previa o que iria acontecer quando viu Joabe aproximar-se dele, trazendo nas mãos os dardos com que o transpassou (2 Sm 18.9-15).

Na história de Davi temos um exemplo e uma revelação de como se deve proceder. Davi já era ungido rei, mas Saul ainda estava no trono. Ainda ocupava o lugar em que Deus o colocara, por isso Davi, mesmo perseguido por Saul, quando fora aconselhado a dar fim à vida de Saul, que estava em seu poder, respondeu: “O Senhor me guarde, de que eu estenda a mão contra o seu ungido” (1 Sm 26.11).

À luz da Bíblia, os que se rebelam já revelam que não estão no plano de Deus, ao contrário, estão entrando pelo caminho que leva ao “beco sem saída”. Estão seguindo o destino de Coré, Absalão e de todos os rebeldes que colheram os amargos frutos de sua rebelião. Paulo se refere a esses e diz: “O fim deles será conforme as suas obras” (2 Co 11.15).

Fonte: Jornal Mensageiro da Paz. 
abril 1994

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