A influência do neopentecostalismo no movimento pentecostal clássico [3/4]


Por Nonato Souza

“Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as escrituras” (1 Co 15.1-4; ARA; O grifo é meu).



Esta é a terceira parte sobre “a influência do neopentecostalismo no movimento pentecostal clássico”. Abordaremos algumas práticas neopentecostais nocivas ao verdadeiro pentecostalismo.

Não se vê no neopentecostalismo, o perfil do pentecostalismo clássico. O que se observa em algumas igrejas neopentecostais são doutrinas heréticas, movimentos estranhos contrário ao que ensina a Palavra de Deus. Citarei alguns ensinos e práticas do movimento neopentecostal cuja ênfase é incompatível com as escrituras.

Confissão positiva.

Conhecido também como “palavra da fé”, esse ensino aborda que se o cristão crê firmemente em algo e o declara de modo convicto e explícito, aquilo que ele confessa irá acontecer, pelo poder da fé. Esse tipo de ensino declara que a “fé” é um poder que tem eficácia em si mesmo.

Veja por exemplo o que alguns expoentes da referida doutrina ensinam: Robert Schuller declara: “Agora – creia e receberá”. Paul Meyer fala: “Imagine vividamente, creia sinceramente, deseje ardentemente, aja entusiasticamente, e isso tem que acontecer, inevitavelmente”. David Yonggi Cho declara: “Por meio da visualização e do sonho, você pode incubar seu futuro e colher os resultados”.

Que tipo de ensino é este, que ensina que a fé é uma força ou poder que faz as coisas acontecerem se você crê? Se assim for, a fé não é posta em Deus, conforme ensino do Senhor Jesus Cristo (Mc 11.22), mas um poder que é dirigido a Deus e que o força a fazer por nós aquilo que queremos ou que cremos que ele fará.

Esse conceito faz da fé e das palavras de fé algo mágico, supersticioso, como um talismã. Ora, o que aprendemos das Escrituras é que a fé é um dom de Deus e que Deus atua mediante a fé ou, também, independente dela, como soberano que é. Fé não significa força ou poder como pensam alguns, mas uma atitude de confiança e dependência de Deus. A fé não tem poder em si mesmo. O poder pertence a Deus (Sl 62.11).

Pastor Ivan Teixeira [1] é enfático quando comenta sobre o assunto. Ele diz:

“Não devemos ter fé na fé, mas fé em Deus! Não é a fé que tem poder em si, como muitos dizem e pregam “o poder mágico da fé”. Isto é idolatria! A fé tem que está em Deus, pois é Deus, e não a fé, que é Todo Poderoso. A fé é confiar naquilo que Deus tem dito em sua palavra e sumamente em Cristo Jesus”.

Junto a tudo que prega os adeptos da doutrina da Confissão Positiva, ainda encontramos a ideia de “posse” e de “herança”. Certo corinho cantado frequentemente em nossas igrejas diz: “Tudo o que Jesus conquistou na cruz é direito nosso é nossa herança”. Ora, se é direito nosso é nossa herança, então não temos mais que pedir nada, temos, na verdade que exigir de Deus que me dê o que já é meu, cumprindo assim, suas promessas em minha vida. Sendo assim, o relacionamento do crente com Deus deixa de ser baseado na livre e soberana graça de Deus para se concentrar em direitos, exigências e decretos.

Prosperidade financeira e saúde.

O movimento neopentecostal ensina que a vida do crente deve ser livre de qualquer problema. Ele deve morar em mansões, possuir carros caros, ter muito dinheiro e muita saúde. Caso isto não aconteça, fica caracterizado falta de fé, vida pecaminosa ou domínio de Satanás. 

A prosperidade financeira tem se tornado a mola propulsora do movimento neopentecostal. Somos sabedores e acreditamos que à luz das Escrituras não há nenhum erro em o cristão prosperar financeiramente, mas também estamos certos que este não é e nunca foi o ensino central do Senhor Jesus e dos apóstolos. Nunca tivemos nos ensinos e pregações de Jesus ou dos apóstolos destaque algum a tal “teologia”. Hoje esse assunto está presente em todas as reuniões e cultos das igrejas locais.


Os adeptos da teologia da prosperidade insistem na ênfase em bênção materiais em detrimento de uma vida espiritual próspera e perfeito relacionamento com Deus. Essa preocupação exagerada no materialismo individualista tem muito a ver com os interesses desta sociedade consumista, porém, está distante dos ensinos do Senhor Jesus Cristo que nos estimula a ser solidários com os que nada têm, além de nos ensinar a amar a Deus pelo que Ele é independentemente do que possa nos dar.

Eles ainda enfatizam que doenças não fazem parte da vontade de Deus para seus filhos e que os crentes adoecem por pelo menos três motivos:

1. Falta de fé;
2. Por ignorarem seus direitos em Cristo e deixar de reivindicá-los;
3. Por deixarem de expulsar Satanás.

Estes ensinos podem ser refutados claramente pelas Escrituras Sagradas em vários textos: 2Rs 13.14; At 7.9-11; 2Co 1.3-11; Fp 2.30; 1Tm 5.23; 2Tm 4.20.

Igrejas há, que todo o seu ensino e atividade gira em torno do trinômio exorcismo-cura-prosperidade, tendo a simonia [2] como uma de suas principais características, onde bênçãos e prosperidade são trocadas por dinheiro. Em seus cultos costumeiramente comercializam tipos de objetos e utensílios mágicos e ungidos, tais como: sal grosso, sabonete do descarrego, vassouras, fitas, colares, pedras, tijolinhos ungidos, água ungida do Rio Jordão, e muitos outros.

Pregadores por sua vez condicionam o recebimento de bênçãos à entrega de ofertas, as maiores possíveis, ou como costumeiramente dizem o “sacrifício” dos fiéis. Ora, sabe-se que este não é o Evangelho da graça de Cristo Jesus. O pentecostalismo clássico prega o evangelho que não se baseia em merecimentos ou conquistas humanas, mas que se fundamenta no amor de Deus, oferecido gratuitamente em Cristo (Mt 10.8).

O ensino de Jesus aos seus discípulos os levou a buscar prioritariamente o Reino de Deus e sua justiça e não as bênçãos materiais (Mt 6.33). É importante, pois, que o cristão priorize o crescer no conhecimento de Deus, sua Palavra, na comunhão do Espírito Santo, servindo ao corpo de Cristo e desenvolvendo intimidade com ele. Não há riqueza maior que esta.

É bom observar que as riquezas materiais quase sempre são apresentadas na Bíblia como uma armadilha para a vida cristã. Observe os seguintes textos:
     
    Mt 19.23 – Será difícil a entrada de um rico no Reino dos céus;
·         Lc 16.13 – As riquezas constituem um senhor a mais na vida da pessoa;
·         Tg 2.5 – Tiago instrui os crentes a serem ricos na fé;
·         Tg 4.3 – Aqui está a motivação legítima de “ter”;
·         1Jo 2.15 – A Bíblia ensina-nos a sermos desapegados das coisas de baixo;
·         1Tm 6.6-12 – Esta é a teologia de Paulo sobre as posses;
·         Lc 3.14 – O conselho de João Batista (cf. Hb 13.5);
·         Lc 10.42 – Segundo Jesus, precisamos de pouca coisa para viver;
·         Mt 13.22 – Os prejuízos que as riquezas podem trazer à fé;
·         Mt 6.21 – As riquezas podem roubar o espaço sagrado do coração;
·         Mt 6.19 -    Jesus ensina-nos a fazermos a troca dos tesouros.

Quebra de maldição.

O ensino sobre a quebra de maldição revela que as adversidades, pecados, enfermidades na vida de pessoas provêm dos pecados de seus antepassados. Usa de forma isolada o texto de êxodo 20.5, onde Deus afirma que castiga a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta gerações, construindo toda uma doutrina falsa a partir daí. Os adeptos de tais ensinos estão embebendo o cristianismo num sincretismo religioso letal.

Paulo Romeiro [3] comenta que “se alguém (isto inclui todos os cristão, mesmo pastores) enfrenta problemas com adultério, álcool, nervosismo, depressão, miséria, divórcio, suicídio, câncer, diabetes, obesidades, alergia ou doenças do coração é porque algum de seus ancestrais independentemente de geração, praticou aquele pecado, sofreu aquela enfermidade ou viveu aquela experiência e a transmitiu a seus descendentes. Tudo o que a pessoa deve fazer é orar para que Deus lhe revele qual geração do passado afeta sua vida hoje, então deve pedir perdão por ela para que o mal seja banido”.

Os pregadores da prosperidade ensinam que a única maneira de um fiel obter libertação desta situação é através de “campanhas de sete dias”, “sessão de descarrego”, “sessão de cura interior” ou ainda o uso de objetos que mais se parecem amuletos que atribuem, direta ou indiretamente, virtude sobrenatural para livrar seu portador de males materiais e espirituais.



Ora, sabe-se que ao aceitar o senhorio de Cristo Jesus, recebemos o Espírito Santo (1Co 6.19; Ef 1.13); nossos pecados são perdoados (At 10.43; Rm 4.6-8); somos filhos de Deus (Jo 1.12) e novas criaturas em Cristo Jesus (2Co 5.17), o diabo não nos toca (Tg 4.7; 1 Jo 5.18), não estamos mais sujeitos às maldições (Jo 8.32,36). A partir de então, somente um retorno voluntário ao pecado poderá alterar essa situação do homem diante de Deus.

Outras práticas, modismos e heresias inseridas no movimento neopentecostal e que infelizmente estão aportando em nossas igrejas.

O neopentecostalismo tem se envolvido profundamente com práticas místicas que prescinde à Bíblia, baseando-se apenas em experiências, que normalmente não tem nenhuma base no texto sagrado, dando a estas, sua própria interpretação sem nenhum recurso hermenêutico.

Quase sempre os seus ensinos e práticas envolvem a mistura de figuras, objetos e símbolos que representam coisas espirituais. Tomam figuras do Antigo e Novo Testamento e as espiritualizam em objetos de “proteção”, semelhantes à que se usa nos trabalhos de magia.

A partir dessas esquisitices, temos crentes com fitinha no braço, com medalhas e símbolos bíblicos, com vidros de azeite para derramar sobre cidades, ungir casas, portas, colocando sal ao redor de casas, em lugares estratégicos de cidades para impedir entrada de maus espíritos; outros bebem água ungida, demarcam território com urina e outras esquisitices.

Atos proféticos, decretos, declarações, estão sendo feitos também. Hoje não se evangeliza mais, não se ora mais, não se prega a Palavra e consequentemente, também, não se acredita mais em Deus; apenas se “decreta”, “declara”, “profetiza” e “toma posse”. Meu Deus! É de causar espanto esse tipo de evangelho. Na verdade é “outro evangelho” (Gl 1.8), pois, se está anulando a verdadeira fé e a eficácia da obra redentora de Cristo Jesus.

Linguagem estranha.

Pode-se observar que está aportando em muitas igrejas um vocabulário esquisito que acaba desfigurando em muito as referências de uma postura cristã, principalmente no pentecostalismo clássico. Cito alguns chavões como exemplo: “Eu decreto a bênção”, “tome posse”, “eu profetizo”, “se liga”, “se liga no fio que desce”, “fica ligado”, “é mistério”, “entra no mistério”, “vaso”, “abre a boca e profetiza”, “reteté”, “determine sua vitória”, “é só vitória”, “reteté de Jesus”, “olhe para o seu irmão e diga”, “Diabo eu exijo...”, “eu te abençoo”, “eu profetizo prosperidade em tua vida”, “... quantos vieram buscar uma bênção?”, e muitos outros.

Amarrar o inimigo.

Muitos estão enganados quando tentam “amarrar” Satanás e seus demônios com jargões, slogans e gritos. Esse mecanismo foi criado a partir de textos como Marcos 3.27; Mateus 12.29, onde se lê: “Ou, como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? e então lhe saqueará a casa”.

O texto em apreciação mostra sobre amarrar o valente para saquear-lhe a casa. Paulo Romeiro [4] faz a seguinte observação:

Ora, para que alguém possa amarrar o valente, é preciso ser mais forte do que ele. Aí, então, entra Jesus. Quando Jesus salva, liberta e transforma o pecador, está saqueando a casa do valente e Satanás não deixaria que seu reino fosse saqueado por alguém mais fraco do que ele. O propósito do texto é mostrar que Jesus é maior e mais forte do que Satanás e não de ensinar aos crentes que saiam por ai amarrando demônios.

Se, o crente quer amarrar o inimigo que o faça através da sua fé em Cristo (Jo 14.20; 6.69), assumindo sua posição em Cristo (Ef 1.3,20-22; 2.6) e reivindicando sua vitória e autoridade sobre o inimigo (Cl 2.15; 2Co 2.14; Mc 16.17; Fp 3.10). Fica também o conselho bíblico para resisti-lo (Tg 4.7; 1Pe 5.8,9).

Cair no Espírito.

São muitas as novidades que se tem aportado nos púlpitos das igrejas. O fenômeno do cair no Espírito é mais um destes. Observe o que diz Ciro Zibordi [5] sobre o assunto:

Os pregadores da “nova onda”, ao soprar no microfone, girar o paletó sobre a cabeça ou lançá-lo sobre a plateia, para que pessoas “caiam no poder”, querem nos fazer crer que, em questão de segundos, acontecerá na vida desses “caídos” o que os pregadores “antigos” dizem que só pode ocorrer por quebrantamento diário e submissão a Deus.

Os adeptos dessas manifestações escalafobéticas se utilizam de textos como Daniel 10.7-19; Atos 9.4-8; Apocalipse 1.17; Gênesis 2.21, para apoiarem tais ensinos que nada tem a ver com o movimento de “cair no Espírito” dos dias atuais. Com o uso de passagens bíblicas isoladas os defensores dessas heresias enganam os neoconversos que desejosos por ver milagres, abrem mão dos ensinos bíblicos e se apoiam apenas em uma fé sensorial.


Relantando sobre fatos que se deram com alguns servos de Deus, tanto no Antigo como no Novo Testamento, Zibordi [6] comenta que Daniel e Paulo mesmo tendo caído prostrados na presença do Senhor, não ficaram inconscientes, gelados ou se esqueceram do que viram e ouviram. Eles, não foram lançados ao chão por um sopro, antes, ficaram sem forças nenhuma em razão de não suportarem a real presença de Deus. Observa-se que nos exemplos citados pelas Escrituras Sagradas, as pessoas caiam sobre o próprio rosto quando maravilhadas pelo que viam e por Quem viam.

Fica claro que não estamos generalizando que todos os exemplos de “cair no Espírito” sejam falsos. No entanto, não temos base bíblica nenhuma para esse estranho movimento, onde crentes caem e ficam, segundo os pregadores da “nova onda”, “anestesiados” para se submeterem a cirurgias espirituais. O livro de Atos não registra nada sobre esse assunto. Infelizmente, não são poucos os pregadores e crentes que em geral crê e busca este estranho movimento, que nenhum fruto produz, não edifica, traz, porém, escândalo, confusão e descrença na igreja.

Zibordi [7] é enfático em suas palavras ao dizer que os que defendem a “queda no poder”, acabam por desprezar o fato de que o culto é racional (Rm 12.1), e que o espírito do profeta está sujeito ao profeta (1Co 14.32). Isso significa que, por mais que sintamos a presença do Senhor, em um culto, devemos ser prudentes em nossas reações. Devemos ser meninos apenas na malícia, e adultos no entendimento (1Co 14.20).

Nova unção, estranha unção para enfermos, unção da gargalhada e outras formas de unções.

Sabe-se pelo texto veterotestamentário que reis, profetas, sacerdotes e coisas eram ungidos (Gn 31.13; Êx 30.26-30; 1 Rs 19.16), e simbolizava a consagração de pessoas e coisas ao Senhor. No Novo Testamento, Jesus ao ser ungido no plano espiritual cumpriu sobre si a unção de profeta, sacerdote e rei (Is 61.1,2; Lc 4.18-21).

No tempo presente não há mais necessidade de unção com azeite para consagração ou confirmação de ministérios. Basta a unção do Espírito Santo (1Jo 2.20,27). Também não há necessidade de unção sobre objetos, para consagrá-los a Deus, haja vista, haver menção no Novo Testamento de unção apenas sobre os enfermos (Mc 6.13), que deve ser aplicada pelos presbíteros da igreja (Tg 5.14). Todos esses rituais eram simplesmente sombra das coisas que haviam de vir (Cl 2.16,17), tendo, portanto, cessado com o sacrifício expiatório de Cristo Jesus (Hb 10.11-14).

Sobre o assunto da “nova unção”, não encontramos na Bíblia apoio para tal modismo. Sabe-se que Deus é poderoso para restaurar a unção dele recebida, isto, porém, não significa “nova unção” à luz do que andam professando os pregadores do movimento neopentecostal. A unção que profere a Palavra de Deus, “fica em vós” (1 Jo 2.27), nos ensina (v. 20,27). É triste o que tem acontecido nos púlpitos de muitas igrejas. Pregadores anunciando novidades dissociadas das Escrituras, porém, afirmando terem o aval de Deus.

É preocupante o que se vê atualmente sobre esse assunto: “unção da loucura de Deus” com base em 1 Coríntios 1.25; “unção da gargalhada ou do riso” também conhecida como “fenômeno de Toronto” (caídas ao chão, estremecimentos, gargalhadas histéricas e descontroladas, rolar no chão, urrar e coisas semelhantes).

Observa-se ainda a “estranha unção para enfermos”, onde os chamados “pregadores de milagres”, utilizam litros cheios de azeite para esfregar no local da enfermidade, de onde extrai objetos que supostamente indicam a ocorrência da enfermidade ou efeito de “trabalhos de bruxaria”. Zibordi [8] nos faz lembrar que hoje a unção para os doentes é apenas simbólica e não deve ser aplicada no local da enfermidade. Ele ainda comenta que extrair pedaços de ossos, pedras, filetes com sangue ou algo parecido do corpo das pessoas – se é que não se trata de fraude – tem muito mais semelhança com as chamadas cirurgias mediúnicas do que com a manifestação de Deus. Conclui dizendo que “não devemos aceitar como sendo da parte de Deus qualquer operação prodigiosa, pois a própria Palavra do Senhor nos manda testar, examinar, julgar, provar o que ouvimos, vemos e sentimos (At 17.11; 1Ts 5.21;1Co 14.29; 1Jo 4.1)”.

O espaço deste pequeno material não me permite avançar tanto abordando e explicando tantos erros doutrinários como estamos vendo atualmente no seio da igreja. Citarei de forma bem resumida mais algumas aberrações.

Cola do Espírito.

O crente fica deitado no chão colado e dando gargalhada e se agitando. Já vi vídeo de crentes colados uns nos outros. Vi recentemente crentes com as mãos coladas e etc.

Sobre cultos e cultos.

Sabe-se que o propósito principal de um culto é adoração a Deus e edificação do corpo de Cristo. Nas igrejas neopentecostais o culto não tem esta ênfase, pois, ao invés de cultuar a Deus se faz campanhas de cura, prosperidade, revelação, busca constante por coisas que são apenas de interesse pessoal e não de interesses do Reino.

Suas reuniões são transformadas em festivais de ofertas e reuniões de exibições e atos aparentemente sobrenaturais objetivando enganar os incautos. Esequias Soares [9] observa que eles fazem campanhas realçando textos e personagens do Antigo Testamento empregando figuras e símbolos, totalmente fora do contexto bíblico, como ponto de contato para estimular a fé, apelando ainda para práticas ocultistas, animistas, supersticiosa para arrecadar fundo.
Falando sobre o tipo de hermenêutica usada pelos neopentecostais, Paulo Romeiro [10] que é de confissão pentecostal enfatiza:


“As campanhas semanais, os cultos “de libertação”, “da vitória”, “da conquista” e “da prosperidade” se multiplicam na disputa por fiéis. Tudo isso dirigido a um publico despreocupado também com as regras de interpretação bíblica, pouco afinado com a reflexão, mas numa busca constante e intensa de solução”.

Gutierres Siqueira [11] editor do blog Teologia Pentecostal observa sobre a forma como os neopentecostais fazem a interpretação do texto bíblico:

“Em vez de uma exegese, para extrair do texto bíblico o que ele diz, se pratica a eisegese, colocando no texto o seu próprio pensamento, ou seja, se tenta justificar por meio da Bíblia. A Bíblia para o neopentecostalismo é indicativa, ou seja, se recorre a ela como justificadora de suas práticas, mas não normativa, ou seja, determinando as doutrinas e práticas da igreja”.

O editor do blog Teologia Pentecostal [12] observa ainda que a hermenêutica neopentecostal é pragmática e empírica. Ele explica:

Pragmática se entende que a interpretação bíblica do neopentecostalismo busca praticidade ou funcionalidade de sua crença; se algo é prático e dá certo, então é preciso inserir na doutrina neopentecostal. Quando algum apologista critica as experiências e crença do neopentecostalismo, os seus promotores vem com os seguintes argumentos: “mas as pessoas são curadas”, “mas isso tem dado certo”, “explique os milagres do seu ministério?”, etc. Sempre se recorre à funcionalidade de suas doutrinas. A experiência sempre precede a doutrina no pentecostalismo.

Continua...

Notas:


[2] Venda de favores divinos, bênçãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas sagradas, etc.

[3] Romeiro, Paulo. Decepcionados com a Graça. Editora Mundo Cristão. Pg. 114

[4] Idem, pg 134

[5] Zibordi, Ciro Sanches, Evangelhos que Paulo jamais pregaria. Editora CPAD, pg. 33

[6] Idem, pg. 33

[7] Ibidem, pg. 34

[8] Zibordi, Ciro Sanches, Mais erros que os pregadores devem evitar. Editora CPAD, pg. 52

[9] Soares, Esequias. Heresias e Modismos. 3 ed. CPAD, pg. 319

[10] Romeiro. Paulo. Decepcionados com a Graça. Ed. Mundo Cristão, pg. 123

[11] Siqueira, Gutierres. Neo-pós-pseudo-pentecostalismo. http://www.teologiapentecostal.com/

[12] Idem

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