Recomendação paulina a Evódia e Síntique


Por Nonato Souza.

"Rogo a Evódia, e rogo a Síntique que sintam o mesmo no Senhor" (Fp 4.2).

Em um mundo onde tudo se distancia cada momento, pessoas vivem sua própria vida sem se preocupar com o seu próximo e a ausência de comunhão entre os irmãos é cada vez maior, sente-se que há um egocentrismo exacerbado presente no coração de muitos que estão em busca de alcançar seus objetivos e cuidar simplesmente de si próprio. Na verdade, estamos comprometidos apenas com a satisfação do nosso bem estar.

É interessante Paulo nomear aqui duas senhoras que estão envolvidas em brigas e fortes desentendimentos dentro da igreja. Normalmente ele não faria isso, e esta é uma das poucas ocasiões em que o faz (1 Tm 1.20). Certamente, Paulo se preocupou com o nível de situação em que se encontrava a coisa. Paulo, certamente considerava estas duas mulheres e a igreja de Filipos suficientemente amadurecidas para lidarem com esta situação publicamente.

Essas mulheres desempenharam um papel importante na igreja de Filipos e agora estavam se desentendendo seriamente o que traria certamente, pela força de liderança que tinham, grande prejuízo ao Reino de Deus. Paulo, então, apela a que mostrem unidade em seus pensamentos e atitudes, que procurem viver bem uma com a outra. Precisavam ter uma disposição de espírito, uma unidade moral, independente das diferenças intelectuais que porventura tivessem. Uma vez que amavam a Deus, precisavam também amar as pessoas.

Sabe-se que ao se distanciar da comunhão do Espírito corre-se o risco de também criarmos barreiras em nossa comunhão com aqueles que nos cercam, os nossos irmãos em Cristo. "A natureza da comunhão fica comprometida quando perdemos a consciência de que é o Espírito Santo quem nos auxilia na quebra do egocentrismo e na recepção dos outros em nossa vida" (Brizotti). Estou convicto de que muitos crentes tem grande dificuldade em seus relacionamentos. Muitos à semelhança dos cristãos da Galácia, vivem se mordendo e se devorando uns aos outros (Gl 5.15). Quando se trata de líderes então, é que a coisa vai ficando mais difícil ainda. Perseguições geradas por invejas, ciúmes, egoísmo e outros que acabam trazendo certo distanciamento e arranham aquilo que se tem de mais importante no seio da igreja, a comunhão. Um verdadeiro prejuízo à igreja e ao Reino de Deus, pois, se os líderes que se utilizam do púlpito sagrado para ensinar a boa Palavra de Deus contra tais comportamentos, agem assim, o que dizer daqueles que os seguem?

Creio que somente o Espírito Santo é capaz de operar o milagre de levar os santos a sentir o mesmo no Senhor. Sim, o Espírito é capaz de levar-nos além dos ajuntamentos coletivos, reuniões solenes, liturgias incrementadas. Se deixarmos ser guiados por Ele, teremos o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus. Nada fazendo por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente a ponto de considerarmos os outros superiores a nós mesmos e cuidando não somente dos nossos interesses mas também dos interesses dos outros (Fp 2.3,4; NVI).

Se não for assim, as nossas divergências naturais em nossas reuniões ou encontros humanos se transformarão sempre em guerras carnais e destrutivas, sem nenhum proveito, senão para o escândalo de muitos. Sentir o mesmo no Senhor, é abrir mão do senhorio absoluto dos sentimentos, compartilhando e respeitando os sentimentos alheios. Não foi isto que Jesus fez? "De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo. sendo obediente até a morte e morte de cruz" (Fp 2.5-8). Às Evódias e às Sítiques existentes hoje na igreja, temos o exemplo de Cristo: Sentir o que ele sente. É bom seguir o Seu exemplo. Que o Senhor nos ajude!

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